terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aprender na vida e aprender na escola



Fragmentos do texto elaborado por Elvenice Tatiana Zoia*
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/educar/article/viewFile/2191/1843
DELVAL, J. Aprender na vida e aprender na escola. Tradução de: Jussara Rodrigues.Porto Alegre: Artmed, 2001. 118 p.

Em função da imaturidade que caracteriza o homem desde o seu nascimento, a aprendizagem torna-se extremamente fundamental para a sua sobrevivência, acompanhando-o durante toda a sua vida.
A aprendizagem corresponde desde situações simples como, por exemplo, pedir ajuda, atravessar a rua, esquentar o leite, até situações mais complexas como o conhecimento da leitura, da escrita, da aritmética, em síntese, o conhecimento científico trabalhado pela escola.
Aparentemente, a aprendizagem da vida cotidiana parece ocorrer sem muito esforço, diferentemente da aprendizagem que envolve os conteúdos escolares, a qual, apesar dos sujeitos passarem muitos anos envolvidos num processo sistematizado, têm aprendido muito pouco ou quase nada.
A aprendizagem é uma necessidade do ser humano, a qual ocorre independente da escola. Se é uma necessidade, por que é tão difícil aprender na escola? O que se pretende ensinar é significativo para quem busca aprender?
As representações que as pessoas constróem sobre a realidade não estão organizadas sistematicamente como as da ciência, porém não são facilmente substituídas por outras representações. Geralmente, as teorias e explicações que os alunos possuem sobre várias dimensões da realidade acabam por competir com as teorias enfocadas pela escola.
Uma ação educacional se realiza quando se parte do que os alunos sabem para ajudá-los a construir, a se apropriar significativamente dos conhecimentos científicos produzidos pela humanidade.
Não há ênfase na construção de conceitos; espera-se que os alunos depositem em suas mentes conceitos abstratos, que são repetidos e decorados, como algo pronto e acabado sem o devido entendimento de que o conhecimento científico resulta de uma investigação, que busca a compreensão e a transformação da realidade. O conhecimento científico se tornará significativo a partir do momento em que os alunos perceberem sua utilidade para resolver seus problemas e responder os questionamentos que fazem parte de sua vida.
Outro aspecto considerado centra-se no mecanismo contraditório da escola. Sendo uma instituição para trabalhar o conhecimento, prega a formação para a cidadania de forma autônoma e democrática e, no entanto, promove a submissão e a passividade. Isso se torna evidente nos trabalhos de repetição, “decoreba” e reprodução, não se permitindo um trabalho de descoberta, de investigação e de busca pelo conhecimento.
Para concluir, o autor propõe que para a busca de uma educação de qualidade, que não estabeleça uma ruptura entre o conhecimento científico e o conhecimento trazido pelos escolares, é preciso permitir a reflexão, o levantamento de hipóteses e suas verificações, contextualizar o conhecimento voltado para a resolução de problemas; em síntese, é preciso vincular a escola com a vida. É obra que com certeza traz valiosas contribuições tanto para pesquisadores quanto para profissionais, sobretudo das áreas da psicologia e da educação.

* Mestranda da linha de pesquisa Cognição e Aprendizagem Escolar, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal do Paraná. E-mail: tatianazoia@bol.com.br

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