segunda-feira, 30 de março de 2009

Como o nosso corpo funciona?

Homem Vitruviano, por Leonardo da Vinci

Imagine a seguinte situação: para alcançar a fruta no alto de uma árvore, um menino deve escalá-la. Nesta feita, escorrega e quase cai. Mas como quer muito aquela fruta, segura-se firmemente e continua a subir. Finalmente ele a saboreia com prazer.
Embora ele não tenha percebido, várias coisas aconteceram com o seu corpo nestes momentos, sem que ele se desse conta:
  • o ar entrou e saiu dos pulmões,
  • o sangue circulou pelas veias,
  • os músculos se mexeram segundo sua vontade,
  • o coração disparou enquanto ele escorregava
  • suas mãos ficaram mais frias,
  • ele salivou...
Tudo isso por que o seu corpo já sabia o que fazer!
O corpo humano é capaz de muitas coisas, produzir energia, se refazer utilizando informações e materiais do meio ambiente, e inventar soluções novas. Ele possui um conjunto de sistemas que funcionam de forma interdependente e capazes de realizar diversas funções.




Mas é preciso alguns cuidados para fazer com que o nosso corpo funcione bem. Um ambiente saudável, uma boa alimentação e a prática de atividades físicas são fundamentais para a manutenção da saúde. Então:
O que você anda comendo e bebendo? Como você prepara os alimentos? O que é mais importante na sua alimentação, quantidade ou qualidade? Você toma remédio por conta própria ou que qualquer pessoa lhe indica?
Como está o ambiente em que você vive? Tem água encanada e esgotamento sanitário? Você sempre lava as mãos quando volta da rua, ao preparar as refeições ou depois que vai ao sanitário?
Você pratica atividades físicas regularmente: joga futebol, faz caminhada, dança com alguma frequencia?
Costuma se distrair de vez em quando, lendo, passeando, batendo um papo com os amigos, namorando?
Muitas coisas fazem com que o nosso corpo funcione bem. Outras, interferem em nossa saúde e nossa qualidade de vida.
O que você anda fazendo com o seu corpo?
Seja um ecologista, preserve a natureza. Preserve-se, você faz parte dela.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Vamos discutir a relação?

"Você é um parasita!!!" disse a garota zangada ao namorado que vivia pegando, sem lhe devolver, dinheiro emprestado. "Fica aí nessa folga toda, sugando tudo o que eu ganho. Mas eu estou a fim de um outro tipo de relação... quero mais companheirismo, mais colaboração, quero alguém que esteja ao meu lado e não na minha aba! Procura um serviço, poxa!!!"

Este termo que a moça utiliza, parasita, tem origem na biologia, "diz-se do animal ou vegetal que vive à custa do outro". Mas do jeito que a moça reclamou, seu sentido é de "explorador" - conforme define Silveira Bueno no seu Minidicionario da Língua Portuguesa. Alguém que só traz prejuízo para a relação.
Quais são os animais parasitas? Quais aqueles que vivem à custa do ser humano?
Veja um destes abusados aqui.
Voltando a historinha dos namorados: o cara dava o troco...

"Você está se achando, não é? Fica sabendo que tem uma fila de espera cheia de mulher querendo o meu passe! Eu sou é predador."

Novamente outro termo emprestado de relações ecológicas estabelecidas entre os seres vivos. Mas diferentemente dos namorados, cuja relação terminou,
o parasitismo e predatismo se estabelecem entre seres vivos de espécies diferentes.
Descubra um verdadeiro predador neste vídeo.
Nem todas as relações ecológicas entre espécies diferentes são assim desarmônicas, há casos de convivência pacífica e até parceria com benefícios e sem prejuízos para uma ou ambas as partes.
Você conhece aquele ditado que diz "uma mão lava a outra"? Pois é mais ou menos neste sentido que acontece a protocooperação, como por exemplo quando certas aves catam e comem os parasitas que infestam o gado. Ambos se beneficiam, o primeiro se alimenta e o segundo livra-se do parasita.
Existe protocooperação entre humanos e golfinhos? Veja esta história.
Mais protocooperadores: o peixinho e a anêmona.
Foto de Oneras em http://www.flickr.com/

E há também espécies que não sobrevivem umas sem as outras:Foto de Antonio Machado em http://www.flickr.com/

Abelhas e borboletas se alimentam de néctar e polinizam flores de determinadas espécies. Sem esses insetos não haveria a reprodução das plantas nas quais estes insetos se alimentam, e sem o alimento destas plantas eles não sobreviveriam... É um casamento tipo "até que a morte os separe", ou, biologicamente dizendo, esta é uma relação de mutualismo.
Em outro tipo de relação, o inquilinismo, uma especie se beneficia de outra sem lhe causar prejuízo. O "hóspede" se apropria do que precisa, mas não prejudica o "hospedeiro"... Veja orquídeas, bromelias e samambaias, as belas hóspedes das árvores neste vídeo.
Tem bicho que vive de sobras! Na relação de comensalismo há espécies que se beneficiam consumindo os restos alimentares da outra espécie. São comensais (mesmo sem convite), dos tubarões: as rêmoras, dos leões: as hienas e dos homens: os urubus.

ÊPA! O termo comensalismo não se aplica para relações entre seres humanos! Este termo se aplica a espécies diferentes. É bom lembrar que alguns conceitos formamos a partir de nossas experiências em relações sociais, mas eles precisam ser melhor definidos a luz da ciência!

Para entender melhor estas e outras relações ecológicas entre seres vivos de mesma especie ou de especies diferentes, veja este vídeo e analise este diagrama.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Rei Leão e as estrelas

O Rei Leão, para quem não viu, é um clássico do cinema de animação da década de 90, e embora possa parecer, a princípio, somente uma historinha infantil, foi baseada na peça Hamlet, do escritor inglês Willian Shakespeare, e aborda temas fortes como traição, morte, vingança e corrupção...
No filminho, Timão é um suricate, Pumba é o porco selvagem e Simba, o leão. Três amigos improváveis que aprontam mil peripecias na floresta, sobrevivendo e se desenvolvendo, milagrosamente, a partir de uma dieta de bichinhos crocantes ou gosmentos, mas sempre incrivelmente minúsculos.
Um dia lá, depois de muitos goles de hakuna matata, quedam-se os três sobre a grama da savana e começam a questionar sobre o que seriam “aqueles pontinhos brilhantes ali” – as estrelas no céu.
O esperto Timão diz que são vagalumes grudados na coisa grande azul escura. O incerto Pumba diz que sempre pensou que eram bolas de gás estourando a milhões de quilômetros dali. E o temeroso Simba ousou responder que - ouviu dizer - as estrelas seriam os grandes reis do passado que estariam olhando por eles. A mesma pergunta levou a três respostas diferentes, amparadas nas diferentes visões dos amigos. A certeza de um (Eu não acho, eu sei!), a suposição do outro e a dúvida do terceiro.
(Veja a cena aqui, se quiser – ou caso não se lembre!)

A curiosidade que nos move à pergunta mobiliza-nos também a procura da resposta. Mas, assim como a diversidade de repostas dos três amigos do filme, a diversidade das formas como procuramos responder às questões que a nós se apresentam é que farão a diferença e estabelecerão como resultado o senso comum, a ciência ou o misticismo.

Então, qual é a curiosidade que te move?
Como você procura responder às questões que ela apresenta?


E aproveitando a deixa do filme, quais dúvidas ou certezas você tem sobre as estrelas?
Veja este vídeo.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Vem chegando o verão...

E com ele algumas celebridades que se proliferam com o calor. Mas não são as musas das praias do Rio...São outras pequenas criaturas, muito famosas, constantes nas manchetes do Jornal Nacional, no outdoor das esquinas, nas páginas dos jornais e revistas e às vezes até nas novelas...
Veja o vídeo abaixo, mas não se encante com as criaturinhas aladas fazendo o seu bailado de acasalamento aéreo ao som de uma romântica trilha musical: este é só o começo de uma vida curta, mas avassaladora!
Aproveite este momento para conhecer melhor esta celebridade. E tome cuidado: o inimigo mora ao lado...

A Vida Íntima do Aedes Aegypti.

Você sabe de qual lugar veio esse inseto?
Veja como começou a sua história no Brasil. E muito dos problemas que já causou...

Quer saber mais sobre como acabar com o mosquito e prevenir a Dengue?
Veja aqui.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Inundações, ratos e natação...

Imagem by Rasbak, buscada na Wikmedia Commons

Novembro de 2008 está sendo farto em águas. Os sistemas de análise meteorológica dizem que, aqui pelo Sudeste - e também pelo centro-oeste – o fenômeno se dá por conta da Zona de Convergência do Atlântico.

O resultado destas chuvas em nossa cidade tem sido o de deslizamentos e/ou inundações constantes. Tudo para: os motoristas estacionam os carros no meio das ruas e nos lugares mais altos. Algumas pessoas se atrevem a passar pelas águas, outras esperam as águas baixarem para voltar para casa ou irem para os locais de trabalho. Isso vai depender da hora em que a chuvarada cai.

É possível, nestas horas de alagamento, ver, meio que se escondendo, ratazanas fugidias. Algumas aparecem nadando.

Ué... rato nada?

Nesse vídeo, o ratinho australiano além de nadar, também surfa:

Mas este não é o caso. Rato surfista é coisa induzida pelo ser humano. Enquanto que a natação, para esse bicho é uma coisa natural, o que o torna um problema para a saúde pública, pois com esta sua capacidade de não se afogar, ele leva adiante a outros territórios a possibilidade de infectar pessoas. Ratos + esgoto + inundação = leptospirose.

Entre outras doenças, o rato é o principal responsável pela transmissão da leptospirose, pois ele aloja em seus rins – sem que isso lhe cause nenhum dano – a bactéria Lepstopira interrrogans, que elimina através da urina. Essa bactéria sobrevive no solo úmido ou na água.

Por isso é que a água e a lama das enchentes devem ser evitadas pelos seres humanos: a bactéria deixada pela urina do rato pode penetrar através da pele e de mucosas como as dos olhos, nariz e boca, pequenos ferimentos ou então através de alimentos contaminados.

Quais os sintomas da leptospirose? Como evitá-la?

Veja a resposta aqui.


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O quanto a cor da pele faz um "negro"?

Imagem by Sergio Araujo Pereira, sob licença Creative Commons no Flickr.

Em 2007, ao submeter sua saliva para análise de DNA, Neguinho da Beija-Flor descobriu que 67,1% dos seus genes tinham ascendência européia. Apenas 31,5% tinham ascendência africana.

Mas, em sua aparência, o que identificaria aquela ascendência européia?

Bem, o DNA mitocondrial usado para rastrear a ascendência materna remete a apenas uma ancestral, que viveu a milhares de anos. Depois dela, as “misturas genéticas” que acontecem não aparecem.
O mesmo acontece ao rastrear a ascendência paterna. O cromossomo Y é herdado do pai, que herdou do pai dele, que herdou do pai, do pai... do pai primeiro ascendente, e chega ao descendente atual sem alterações.
Um e outro ficam marcados no seu DNA mesmo que as características genéticas não estejam aparentes no formato do rosto, na textura dos cabelos ou na cor da pele. Esta, para os seres humanos, seria como a pintura de carros de um mesmo tipo: “por dentro eles são iguais”.

Então, se geneticamente, a cor da pele não faz um “negro”, o que faz?

Se para a biologia o conceito de “raça” - e como tal “raça negra” - tende a não existir, o mesmo não acontece nos meios sociais. Durante séculos, ser negro foi, injustamente, motivo de escravização e ainda tem sido, preconceituosamente, motivo para humilhação, discriminação e exclusão. Com ou sem o aval da Ciência.
Mas a questão biológica, se vem comprovar uma verdade científica sobre raças, tanto pode servir para diminuir o preconceito como pode servir a propósitos que dificultem a implementação de políticas afirmativas; assim como outrora determinada interpretação do texto bíblico (Gênesis4,1-16), serviu para justificar a escravidão nas Américas. Depende dos objetivos e usos aos quais a Ciência é atrelada hoje, assim como foi o texto bíblico no passado.

O quanto a cor da pele faz de você um “negro”?
Feche os olhos e visualize a resposta...

E o que significa ser negro hoje?
Feche os olhos novamente, mas não visualize a resposta, procure senti-la – se os seus genes europeus assim o permitirem.

Quer saber um pouquinho mais sobre raças e racismo?
Veja o artigo do professor Sérgio Pena.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Você utilizaria petróleo e bacalhau em uma mesma receita?

Imagem de Richard Alexander Caraballo buscada no Flickr Commons


Quando se fala de petróleo, pensa-se logo em gasolina, e não dá para imaginar o que aquele líquido viscoso teria a ver com o bacalhau. De fato eu não os colocaria numa mesma receita, mesmo que acontecesse um vazamento nas plataformas do Mar do Norte e atingisse os habitats do peixe.

Então qual a razão da pergunta: "você utilizaria petróleo e bacalhau em uma mesma receita"?

Para responder, outras perguntas:


Quais os derivados do petroleo que você conhece além dos combustíveis óbvios: gasolina, óleo diesel e querosene?

Você já ouviu falar de nafta?

Veja aqui* o que é a nafta e tudo o que pode ser feito com ela.


E a receita?

O bacalhau vai no bolinho, frito em óleo de soja – porque no azeite fica muito caro! E o petróleo...

Bom, para extrair o óleo da soja, é preciso um solvente. Esse solvente utilizado no processo de extração é um dos subderivados do petróleo, o hexano. A soja é prensada, o óleo é extraído e fica misturado com o hexano. Depois os dois são separados através de um processo de destilação. Recupera-se o solvente para novas prensagens de grãos e o óleo vai prá latinha. Ou para a garrafinha plástica, que é um dos outros produtos subderivados também...

O óleo de soja que compramos no supermercado, é óbvio, é próprio para o nosso consumo. Mas se você está preocupado com os efeitos colaterais de possíveis resquícios de um subproduto do petróleo no seu bolinho de bacalhau, ou do quanto o uso deste subproduto representa no consumo de combustíveis fósseis e no aquecimento global, pode ficar mais tranqüilo: estudos recentes apontam para outras formas de extração que substituem o hexano por enzimas, tornando este processo potencialmente mais saudável para os consumidores e ecologicamente mais correto para o planeta.

De qualquer forma, acho que deu para perceber que o petróleo anda por lugares insuspeitos da nossa vidinha doméstica... Até mesmo na receita do bolinho de bacalhau!


* Animação de uma das indústrias petroquímicas do país que processa a nafta.


Esta postagem baseia-se em artigo publicado na Revista da Petrobrás Ano V, nº 43; e informações obtidas no site http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/1997/abril/bn.2004-11-25.8268681506/